Mar 22, 2007

Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam
no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns
anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido,
feminino singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado
nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito
oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes
ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem
ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se
insinuar, a perguntar, a conversar.

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno
índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo,
pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador
recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente
no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou
com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em
silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa.

Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a
se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial,

e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que
iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela
tremendo
de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa
pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os
dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula ele não
perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro
que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às
vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz
passiva, ele voz ativa.

Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada
vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu
predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e
segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele
todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando
aquele hífen ainda singular.
Nisso a porta abriu repentinamente.

Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando
conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios
de preposições, locuções e exclamativas.

Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor,
subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu
particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por
todo o edifício.
O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal. Que
loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo
absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com
aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos.

Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao
seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as
condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao
gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo
feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido
depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final
na
história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela
e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o
artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva" .

"...Sent from my BlackBerry® cell phone..."

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